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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cirurgia bariátrica é eficaz no controle de doenças relacionadas à obesidade



Popularmente conhecida como redução do estômago, além da redução do peso, procedimento também auxilia no controle do diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apnéia do sono e reduz em até 30% o desenvolvimento de diversos tipos de câncer
Os resultados da cirugia bariátrica, popularmente conhecida como redução do estômago, vão muito além do controle da obesidade mórbida. A cirurgia, que é indicada no tratamento da obesidade mórbida também é eficaz no controle de outras comorbidades, como diabetes tipo 2, apnéia do sono, hipertensão arterial, infertilidade e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de útero e no pâncreas. A eficácia do procedimento para o controle geral de doenças metabólicas foi o grande destaque do XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que contou com a presença dos mais renomados especialistas nacionais e internacionais. 

“Nos últimos anos a cirurgia bariátrica teve um grande crescimento em todo o mundo e o Brasil é um país de destaque nesse procedimento. Hoje é de conhecimento público que a cirurgia bariátrica não é eficaz somente no controle da obesidade, mas de diversas doenças relacionadas e, por isso, ela está sendo tratada como cirurgia metabólica, devido às mudanças hormonais e os diversos benefícios que traz para o paciente”, explica Dr. Roberto Rizzi, cirurgião bariátrico, certificado pela Surgical Review Corporation (SRC), que comandou um painel com vários especialistas internacionais sobre o tema. 
Estudo da Sociedade Britânica de Cirurgia Bariátrica avaliou 8.710 pacientes, sendo que 7.045 foram operados entre abril de 2008 e março de 2010. Antes da cirurgia bariátrica, cerca de dois terços dos pacientes apresentavam três ou mais doenças associadas à obesidade. A hipertensão arterial afetava 32% dos pacientes, o colesterol 17% e a apnéia do sono 15%. Um ano após a cirugia, o número de pacientes com hipertensão caiu para 20%, com colesterol caiu para 8% e de apnéia de sono para 6%. 
Diabetes - Outro grande benefício da cirurgia bariátrica está no controle do diabetes tipo 2. O Brasil figura entre os 10 países com maior percentual de diabéticos. A doença atinge 6,4% da população geral e esse número não para de crescer. A estimativa é que a doença avance 65% nos próximos 20 anos, atingindo 438 milhões de diabéticos em todo mundo.
No mês de abril a Federação Internacional do Diabetes apresentou durante o II Congresso Mundial do Tratamento do Diabetes uma nova diretriz para a aplicação da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes tipo 2. Anteriormente indicada apenas para pacientes obesos com IMC acima de 35, com comorbidades, o documento apresentado defende que a técnica seja liberada para pacientes com IMC entre 30 e 35 nos casos que os pacientes não tiveram respostas com o tratamento medicamentoso. A entidade reconhece a associação entre o diabetes e a obesidade como o maior problema de saúde pública da atualidade.
Três tipos de cirurgia se mostram eficientes no controle do diabetes e, por isso, são conhecidas como Cirurgia do Diabetes: o by-pass gastrojejunal e as derivações bilio-pancreáticas (scopinaro e “duodenal switch”). Com a cirurgia há a estimulação do hormônio GLP1, responsável pela produção da insulina. O hormônio é gerado no íleo (parte final do intestino delgado) quando este entra em contato com os alimentos. “As três técnicas criam um atalho para o alimento, que é desviado do duodeno e chega antes à parte final do intestino. Esse desvio altera a secreção de alguns hormônios intestinais, como o GLP-1, cujo aumento estimula a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo no controle do diabetes tipo 2”, diz Rizzi.
Câncer - Levantamento divulgado pela Sociedade Americana do Câncer diz que um terço das mortes por câncer são relacionadas à obesidade. Considerada uma epidemia mundial, a obesidade é o segundo maior fator de risco evitável para o câncer, ficando atrás apenas do tabagismo.
A obesidade está ligada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Publicação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, diz que a redução dos níveis de obesidade no país pode evitar 19% dos casos da doença. O controle da obesidade pode fazer com que o câncer de mama tenha sua incidência reduzida em 30%. “Temos que repensar nossa alimentação, pois ela pode ser fator de proteção ou aumentar os riscos de desenvolvimento do câncer. Precisamos aumentar o consumo de frutas, fibras, verduras, legumes e peixes e deixar de lado alimentos ricos em açúcares e gorduras saturadas, como refrigerantes e alimentos industrializados”, diz Dr. Rizzi.
Infertilidade - Existe uma relação entre a obesidade e a infertilidade. Ela causa na mulher alteração da produção de insulina, liberada pelo pâncreas, que pode levar a uma condição de infertilidade, conhecida como Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Esse problema está associado a ciclos menstruais irregulares, anovulação (diminuição ou parada da ovulação) e níveis elevados de hormônios, diminuindo, dessa forma, as chances de gestação.
O excesso de gordura corporal influencia, ainda, a produção do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), essencial para regular a ovulação nas mulheres. Esse hormônio é responsável pela liberação do hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH), ambos fundamentais para o desenvolvimento de óvulos. “Mulheres obesas que pensam em ser mãe precisam de um acompanhamento médico prévio, pois, além da dificuldade para conseguir engravidar, o risco de uma gestação complicada é muito alto. Quanto maior o grau de obesidade, maior o problema para a mulher e para o feto”, destaca o cirurgião especialista em obesidade, Dr. Roberto Rizzi.
Um estudo realizado nos Estados Unidos, na Brown University School of Medicine, avaliou 54 mulheres em idade sexualmente ativa com obesidade mórbida antes e depois de serem submetidas à cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago. As mulheres tiveram um índice de massa corporal (IMC) de 45 antes da cirurgia, que significa que estavam com cerca de 100 quilos a mais que o peso recomendado.
Antes do procedimento cirúrgico, 63% das mulheres apresentaram algum problema de disfunção sexual. As pacientes que foram submetidas à cirurgia perderam em média 60% do peso em seis meses e, em uma nova avaliação, apenas 32% das mulheres ainda apresentavam alguma disfunção sexual. “A cirurgia bariátrica é muito benéfica para mulheres com obesidade extrema, é uma ajuda rápida na função sexual. Há uma melhora hormonal e na auto-estima da mulher, que se sente mais bonita e atraente”, diz Dr. Rizzi. A grande maioria das mulheres do estudo relatou melhoras em todos os aspectos da função sexual, incluindo o desejo, excitação e satisfação.

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